Entendendo os fundamentos da gestão de riscos
A gestão de riscos é um dos pilares mais estratégicos de qualquer organização — mas, para começar a falar sobre ela, é necessário responder uma pergunta simples: o que é risco?
Pode parecer óbvio, mas essa pergunta abre caminhos para diferentes interpretações, desde as mais acadêmicas até as mais práticas e cotidianas. Neste artigo, reunimos três abordagens complementares que ajudam a compreender de forma ampla esse conceito essencial.
1. A definição da ISO 31000: O efeito da incerteza nos objetivos
Segundo a ISO 31000 — referência internacional em gestão de riscos — risco é “o efeito da incerteza sobre os objetivos”. Em outras palavras, sempre que uma organização busca alcançar um objetivo, surgem variáveis incertas que podem impactar o sucesso dessa trajetória.
Imagine a clássica metáfora: por que a galinha atravessa a rua? Para chegar do outro lado — esse é o objetivo. Mas há incertezas no caminho: um carro que pode não respeitar o semáforo, um piso irregular que pode causar uma queda, entre outros fatores. Essas incertezas formam o risco de não alcançar o objetivo ou sofrer prejuízos no caminho.
Essa lógica se aplica a qualquer estratégia organizacional: investimentos, lançamentos de novos produtos, mudanças operacionais ou mesmo decisões cotidianas dentro de uma empresa.
2. A visão de Douglas Hubbard: Probabilidade e magnitude de perda
Douglas Hubbard, autor do livro The Failure of Risk Management, complementa essa definição ao apresentar o risco como a combinação entre a probabilidade de um evento ocorrer e a magnitude do seu impacto.
Assim, o risco não é só a chance de algo dar errado, mas também o quanto pode dar errado. Um incêndio, por exemplo, pode ter baixa probabilidade de ocorrer se medidas preventivas forem adotadas, mas se acontecer, seu impacto pode ser devastador.
Esse conceito nos convida a medir os riscos com mais objetividade, analisando cenários e adotando estratégias para mitigar tanto a chance de ocorrência quanto a gravidade das consequências.
3. A percepção cotidiana: Algo ruim que pode acontece
Além das definições técnicas, existe também a forma como todos nós lidamos com riscos no dia a dia. Desde a escolha da temperatura do banho até a decisão de investir em uma reforma, estamos sempre avaliando o que pode dar errado — mesmo que de forma intuitiva.
Essa visão popular de risco — como “algo ruim que pode acontecer” — está presente em todas as nossas escolhas, inclusive nas decisões empresariais. Por isso, gestores precisam integrar essas três abordagens: a técnica, a analítica e a prática.
Risco como conceito multidimensional
Em resumo, o risco pode (e deve) ser analisado sob diferentes óticas:
- Normativa: o efeito da incerteza nos objetivos (ISO 31000).
- Quantitativa: a probabilidade e a magnitude de perdas (Douglas Hubbard).
- Popular: aquilo que pode dar errado no dia a dia.
Cada definição oferece uma lente distinta para o mesmo fenômeno, e todas são úteis para fortalecer a cultura de gestão de riscos nas organizações.
Por que entender o risco é essencial para a sua empresa
Ao compreender o que é risco, as organizações passam a:
- Tomar decisões mais conscientes;
- Evitar prejuízos e desperdícios;
- Estabelecer prioridades com base em dados e análises;
- Fortalecer a resiliência organizacional em ambientes incertos.
Independentemente do setor, o risco está presente. E quanto mais cedo a empresa aprender a identificar, avaliar e tratar esses riscos, maior será sua capacidade de crescer com segurança e sustentabilidade.
Reflexão final
A gestão de riscos começa com a consciência. Entender o que é risco — sob diferentes perspectivas — é o primeiro passo para criar uma cultura organizacional orientada à prevenção, desempenho e tomada de decisão estratégica.
Nos próximos artigos da série, vamos explorar como avaliar riscos, como estruturar um sistema de gestão eficaz e quais ferramentas são utilizadas para garantir que sua organização esteja preparada para o imprevisível.
🔍 Se você quer aprofundar seus conhecimentos sobre gestão de riscos, acompanhe os próximos conteúdos da série ou entre em contato com nossos especialistas.